Com a criação do Bispado de Ultra-mor de Funchal na Ilha de Madeira, em 12 de janeiro de 1514, sufragânea de Lisboa, o Brasil passou a integrar os limites territoriais diocesanos de Funchal, tendo sempre Lisboa por metrópole eclesiástica. O Papa Júlio III, sentiu a necessidade da criação da primeira Diocese no Brasil para desligá-la canonicamente da cidade de Salvador na Bahia, como era natural, por ser a capital da colônia.

Criada a primeira Diocese brasileira em Salvador, Bahia, pelo Papa Júlio III (1550-1555), a 25 de fevereiro de 1551 pela Bula Super Specula Militantis Ecclesiae. “Todo o território do Brasil foi desligado de Funchal e posto sob jurisdição dos Bispos de São Salvador, permanecendo está ligada a Lisboa como sufragânea”? A partir daí, deu-se início à História Eclesiástica do povo brasileiro organizando-se canonicamente.

“Ao longo da história do Brasil, uma série de atos e documentos foram criando e organizando a estrutura da Igreja no Brasil”. O território que hoje é a Arquidiocese de Aracaju fez parte sucessivamente de duas dioceses: São Salvador da Bahia e Maceió em Alagoas. Durante a dominação espanhola sobre Portugal, teve início a construção da Igreja de Nossa Senhora da ordem dos Felipes da Espanha, com o destino de ser elevada a Sé Episcopal.

Enquanto São Cristóvão existiu perto da barra do rio Sergipe e, depois junto ao rio Poxim, sua população teve a assistência espiritual do Padre Antônio Moitinho, designado pelo 3º Bispo de São Salvador da Bahia, Dom catu-SP – Rumo Frei Antônio Barreiros (1575-1600). Em 1608, o 4º Bispo da Bahia, Dom Constantino Barradas, criou a primeira Paróquia votiva a Nossa Senhora da Vitória, sendo seu primeiro vigário o Padre Gaspar Fernandes. A primeira matriz teve sua construção concluída em 1637.

No povoado do Aracaju, havia uma capelinha em honra de Santo Antônio, erguida por Antônio de Mendonça Furtado, no alto de uma colina. Consta que, aos 13 de outubro de 1778, o Padre Luís de Brito recebeu autorização para administrar religiosamente aquela capela, dada pelo 10° Arcebispo da Bahia, Dom Joaquim Borges de Figueiroa (1772-1778).

Para compreendermos um pouco da história da criação da Diocese, faz-se necessário nos debruçarmos sobre a história e conhecermos um pouco sobre o início dessa caminhada da Igreja que foi um marco para o desenvolvimento e crescimento da história do Estado de Sergipe. Em 15 de março de 1855, foi lido um ofício do Presidente da Província, Dr. Inácio Joaquim Barbosa, anunciando que naquela data, fora sancionado o projeto que eleva o povoado de Santo Antônio do Aracaju à categoria de cidade que seria sede do município de Socorro, que passaria a pertencer-lhe, e para ele transferia a Capital da Província.

Com o erguimento dos primeiros prédios públicos da nova capital do Estado, foi também marcado o local para sua primeira igreja. E no dia 22 de maio de 1856, foi festivamente batida a primeira pedra da então futura Igreja Matriz que teria a invocação de São Salvador. A Igreja Católica em Aracaju brotou e cresceu, desde quando ainda era a vila de Santo Antônio do Aracaju. Então, com efeito, falar do centenário da Diocese, é contar uma página da história de Sergipe, pois a cidade teve em sua colonização e desenvolvimento uma forte e marcante participação da Igreja Católica e mesmo nos primórdios os Jesuítas já catequizavam os índios que por aqui estavam. Nesse contexto de espaço e tempo revela-se, que o centro do poder político, administrativo e religioso foi o ponto de partida para o crescimento da cidade. Era necessária a construção de uma igreja, aos arredores desses prédios dos poderes públicos para atender às necessidades religiosas e urgentes da população da nova capital.

Em 1862, Dom Manoel Joaquim da Silveira (1861-1874) criou a paróquia votiva a Nossa Senhora da Conceição, como Padroeira da Cidade de Aracaju. Seu primeiro vigário foi o Cônego Eliziário Vieira Muniz Teles, de 28 de março de 1857 a outubro de 1864. Com a expansão dos fiéis católicos da Igreja Particular da Bahia, a qual Sergipe estava sob sua jurisdição eclesiástica durante três séculos, o 21º Arcebispo de São Salvador da Bahia Dom Jerônimo Tomé da Silva, em sintonia com a Nunciatura Apostólica no Brasil, promoveu a criação da diocese de Aracaju, junto à Santa Sé Apostólica. E foi assim que no dia 3 de janeiro de 1910, o Santo Padre Pio X (Giuseppe Melchiore Satro, hoje São Pio X) gloriosamente reinante, criou a supradita Diocese pela Bula Divina Disponente Clementi, abrangendo Christus Domi- todo o Estado de Sergipe.

                    Superfície de Sergipe: 21.862 km*;

                    População de Outrora: 13 750.000 habitantes (IBGE, 2010);

                   Situação: Região Nordeste;

                   Limites: Norte: Alagoas; Sul: Bahia; Leste: Oceano Atlântico; Oeste: Bahia;

                  Municípios: 62, em 30 de janeiro de 1910.

Sergipe era parte integrante da Arquidiocese de Salvador-BA, criado bispado pela Bula “Super specula militantis eclesiae”, de 25 de fevereiro de 1551, e elevada a Arquidiocese pela Bula “Romani Pontificis Pastoralis”. Para evangelizar, é necessário saber quem somos, onde estamos e o que pretendemos, para que a proposta sempre nova do Evangelho encontre ressonância nas comunidades e em todas as nossas atividades. No dia 12 de maio de 1911, foi eleito pelo mesmo Papa Pio X, o primeiro Bispo de Aracaju – Dom José Thomaz Gomes da Silva, que tomou posse da Diocese em 4 de dezembro de 1911, quando se deu a instalação da Diocese, sendo sagrada a Catedral a 19 de novembro do mesmo ano. Realizou seu primeiro pontifical a 8 de dezembro seguinte, dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Aracaju e titular da Diocese.

O Cabido Diocesano¹ foi constituído a 4 de agosto de 1912, e o Seminário Sagrado Coração de Jesus foi fundado em 4 de abril de 1913. A Diocese de Sergipe tinha, em janeiro de 1919, a estatística mais próxima: 35 paróquias, 45 sacerdotes, sendo 36 do clero secular e 9 do clero regular. Mesmo criada a Diocese e empossado o primeiro bispo, a Diocese de Aracaju continuava sufragânea das funções mais Arquidiocese de Salvador-BA. Somente em 13 de fevereiro de 1920, passou a ser diocese sufragânea da Arquidiocese de Maceió-Alagoas. Nesta condição, sob a jurisdição de Maceió – Dom José Thomaz Gomes da Silva governou os destinos outros encargos espirituais da Diocese de Aracaju, visitando paróquia por paróquia, criando outras e formando o seu clero.

Elevação da Diocese à Dignidade de Arquidiocese e Instalação da província Eclesiástica de Aracaju

Durante os dois primeiros anos de pastoreio, Dom Távora, como bispo Diocesano, foi conhecendo a realidade de sua nova diocese, na realização das visitas pastorais, na sintonia com seu clero e com todos os seus diocesanos. De 3 de janeiro de 1910 a 29 de abril de 1960, a Diocese de Aracaju cobria toda a extensão do território de Sergipe. Aos 30 de abril de 1960, o Papa João XXIII elevou a Diocese à Sede Metropolitana, pela bula Ecclesiarum Omnium, passando a ser o seu 1º Arcebispo, Dom José Vicente Távora. Assim, sua Santidade João XXIII, gloriosamente reinante, criou as Dioceses de Estância e Propriá e a Província Eclesiástica de Aracaju.

Fonte: Morais, Maria Eleonôra de Jesus.”Província Eclesiástica de Aracaju – Evangelizando Para a Vida”, Aracaju – Edise,2014. 

Transcrição e pesquisa: Layla Kamila (ASCOM)