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ARQUIDIOCESE DE ARACAJU

IGREJA: MÃE, MESTRA E COMUNIDADE DA MISERICÓRDIA

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Com este Domingo encerramos a Oitava Pascal. Tradicionalmente cognominado Domenica in Albis (Domingo no branco), neste dia era o momento em que os neófitos, batizados na Santa Noite da Vigília Pascal, já participantes da comunidade dos fiéis, retiravam as suas brancas vestes batismais, pelo menos enquanto indumentária. Com tal prática, a Mãe Igreja queria ensinar os seus filhos recém-nascidos para a fé através da graça batismal o quão é necessário confessar o nome do Senhor, como se lhes dissesse: “Como crianças recém-nascidas, desejai o puro leite para crescerdes na salvação” (1Pd 2,2).

Na Primeira Leitura, temos o ‘retrato das primeiras comunidades’. Interessantíssima é a forma com a qual a Igreja, pedagogicamente, nos conduz pelas sendas do mistério através do espírito da Sagrada Liturgia: após fazer novos filhos de Deus pelo Batismo, como Mestra, ela aponta, não somente para os novos cristãos como também para nós que já trilhamos a fé há tempos relativamente largos, como se fundavam as proto-comunidades, demonstrando-nos os sentimentos que aí eram vividos: a piedade, a partilha e comunhão e a escuta à Palavra de Deus e aos ensinamentos da Igreja. Esta se torna uma fórmula infalível para o crescimento da comunidade dos seguidores de Jesus. Se nós perseguirmos, fielmente, tal intento, como cristãos amadurecidos, faremos o que a Carta aos Hebreus nos observa: “o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que a experiência já exercitou na distinção do bem e do mal” (Hb 5,14).

Neste Domingo da Divina Misericórdia, exaltamos, fortemente, os atributos do amor do Senhor. O mistério de nossa redenção é uma prova estupenda da gratuita misericórdia de Deus. Por isso, o mistério pascal é ocasião, muito mais que propícia, para recordar o amor desinteressado do Senhor para conosco. Sentindo a misericórdia divina, o cristão deverá ser expressão deste mesmo amor. Por isso, São João, na Segunda Leitura, ressaltar que a caridade para com o próximo é a medida dos mandamentos ao mesmo tempo em que o cumprimento dos mandamentos é a medida da caridade (cf. 1Jo 5,2-3). O amor ao próximo, como produto da fé em Nosso Senhor, é critério indispensável para averiguarmos a nossa comunhão com Deus. Em síntese, a fé no Cristo gera o amor, e este, conseguintemente, “cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8).

Riquíssimo em detalhes, no Evangelho de hoje, observamos que o Senhor Ressuscitado aparece aos Seus (com exceção de Tomé) na noite do Domingo de Páscoa (cf. Jo 20,19). Esta prática de Jesus de aparecer, primordialmente, em tal dia será um marco que perpassará toda a vida da comunidade cristã de todas as épocas. Assim, o ‘primeiro dia da semana’ é o Dia do Senhor por excelência, e, portanto, da comunidade. Não é mais o sábado, mas o primeiro dia da semana, o “Oitavo Dia”, que será o tempo especial de encontrar-nos com Deus e com os irmãos.

Posteriormente, temos uma observação premente feita por São João: “estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles” (Jo 20,19). Este contraste entre o medo dos discípulos e o colocar-Se do Senhor entre os Seus quer nos mostrar que o Ressuscitado não cessará de acompanhar a Sua Igreja, conduzindo-a pelos Apóstolos e seus sucessores. Desta forma, o Ressuscitado cumpre o que prometerá: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20). A presença do Senhor é também sinônima de paz, daí a Sua saudação: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19.21.26); presença portadora de paz, que repelirá o incômodo do medo dos discípulos.

Jesus, ao mostrar-lhes o lado, sublinha que há uma continuidade entre o Seu sofrimento na cruz e a glória de Sua ressurreição. Apresentando-Se chagado e glorioso, diz-nos que permanece junto a nós, confortando-nos nas diversas agruras que a Igreja e os seus filhos enfrentamos, a começar pelos Apóstolos, que se alegraram com o encontro com Jesus. Se cremos na força do Senhor vivo e ressuscitado, o mesmo Cristo crucificado, teremos as condições essenciais para, com alegria e justa satisfação, enfrentar os desafios que a vida nos impõe de estarmos padecendo tudo por amor a Deus, naquela mesma confissão de São Paulo: “Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte” (2Cor 12,10).

Enviando os Seus discípulos à misericórdia, Jesus lhes sopra o Espírito. Com a transmissão do poder do Ressuscitado, compreendemos que a missão da Igreja é a de ser continuadora da missão do Senhor. O insuflar do Espírito remete-nos à ideia de que Jesus, com a Sua ressurreição, promove uma nova criação, da qual fazemos parte. Esta atitude de soprar está presente também na cruz, quando o Senhor, expirando, entrega o Espírito (cf. Jo 19,30), doando-O para a Igreja. Esta concessão, feita em dois momentos bastante unidos como num só, é o ‘pentecostes de João’. O Espírito é poder de salvação que os discípulos manifestarão em comunhão com Jesus. Por isso, somente com o Espírito dado por Ele, é que a Igreja, única com peculiar poder, perdoa os pecados, emendando as almas ao seu Senhor.

Jesus, ao aparecer uma segunda vez – agora estando presente Tomé –, satisfaz-lhe os desejos. No primeiro momento, o incrédulo duvida do testemunho daqueles que, juntamente com ele, fazem parte da Igreja. Isto pode ser reflexo de um problema bastante atual: a mesma Igreja que anuncia por séculos a verdade fundamental da ressurreição do Senhor, é tantas vezes desacreditada e posta em dúvida por nossa fé fraca e vacilante. Diante da repreensão de Jesus ao apresentar-Se tal como queria Tomé, o descrente exclama: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28), reconhecendo a divindade e o senhorio do Ressuscitado. O Senhor não para na censura a Tomé, mas tece-nos um elogio: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29). A Igreja, da qual participamos e que nos chama à uma intensa vida da fé (cf. Jo 20,30-31), quer nos mostrar que ela é a comunidade bem-aventurada dos creem em Jesus morto e ressuscitado.

Que a Luz do Ressuscitado sempre nos inspire na fé e no testemunho autêntico e existencial da Sua e da nossa Páscoa.

Padre Everson Fontes Fonseca, pároco da paróquia Sagrado Coração de Jesus (Grageru).

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